terça-feira, julho 29, 2008

Dediquei meu fim de semana à apreciação do ludopédico. Assisti toda sorte de contendas futebolísticas.

Sábado à tarde assisti o primeiro tempo da partida entre Paraná e Corinthians, minto, creio ter dormido antes mesmo do intervalo. Uma pelada sem precedentes. Não raro identifico os jogos tecnicamente ruins através dos comentários feitos pelos repórteres de campo. Quando o sujeito diz “o técnico do Barueri pediu para o volante Ésley acompanhar o meia Adriano, e para o lateral Marcos Pimentel ficar atento à cobertura do zagueiro”, o jogo é bom, quando o repórter diz, “o dado curioso sobre Márcio Careca é que ele se casou na última quinta-feira, saiu da igreja e foi direto para a concentração”, o jogo é sofrível. E assim foi o embate de sábado, “o detalhe é que o zagueiro William tem tatuado no braço esquerdo a imagem de Nossa Senhora, da qual é devoto, e no braço direito o nome do filho Guilherme”. (Posso ter trocado os braços em que as tatuagens estão, bem como o nome do rebento, que pode ser Gustavo, mas enfim...).

Eis meu ponto, a tatuagem. O que leva o sujeito a tatuar o nome do filho no braço? Sei que ele tem uma predileção pelo nome Guilherme, do contrário seu filho se chamaria Henrique, Saulo ou até mesmo Otávio (nome que aparentemente caiu em desuso na língua brasileira, bem como Orlando e vários outros nomes simpáticos iniciados pela letra “O”). Prova de idiotice, uma vez que o moleque é a “tatuagem” dele no mundo. Outra coisa que me ocorre é o sujeito ter medo de esquecer o nome do filho, chega em casa do treino, cansado, o menino corre em sua direção e ele hesita, “qual é esse mesmo? esse é o...?”, então ele levanta a manga da camisa e lê “Guilherme”, “ahh, Guilhermão”. Seja como for denota uma certa carência de massa cinzenta.

Não sou um grande fã de tatuagens. Entre gravar algo de maneira permanente no meu corpo e comprar uma camiseta com determinada frase ou desenho, fico com a segunda. Se fosse fazer uma tatuagem optaria por algo mais old school, o rosto de Cristo, uma índia, ou qualquer coisa do tipo. Além da grafia do nome do ser amado, outra tatuagem que me irrita profundamente é a da borboleta. Por que diabos alguém opta por tatuar uma borboleta? Nove em dez pessoas dirão que é um símbolo de transformação, de mutação. No que eu pergunto, é o melhor que você consegue pensar? A menos que você seja gay e tenha saído recentemente do armário ou então passado por algum tipo de extreme makeover, não creio que seja a metáfora mais adequada. Transformação de verdade é sair de uma célula e terminar a carreira atirando em gente numa sala de cinema ou pintando o teto da Capela Sistina. Isso sim me parece digno de registro.