quinta-feira, maio 31, 2007

Quinta passada fui com amigos no Bar do Haroldo, um lugar que fica no Padre Eustáquio e tem chorinho ao vivo (não perguntei, mas estou certo de que a idéia partiu do Pompeu (e não, não sou um apreciador de chorinho, escuto chorinho como quem ouve reggae, ou seja, preferia outra trilha de fundo, mas poderia ser pior, beeem pior)).

Enfim, lá chegando fiquei completamente pasmo, poucas vezes vi uma concentração tão grande de mulheres bonitas reunidas no mesmo espaço. Sentamos próximos à "entrada" do banheiro, explico, há um vão na parede, uma escada que desce, e os sanitários ao fim da escada. Num dado momento achei que se tratasse de um buraco negro de mulheres bonitas, passava uma gostosa de vestidinho verde na nossa frente e desaparecia no vão da parede, logo em seguida, do mesmo vão, saiam duas beldades em sentido contrário.

Eis que o Renato me cutuca.

- Viu os peitos daquela mulher?
- Não! Cadê?
- Desceu ali agora.
- Como assim os peitos?
- Os peitos, ora.
- Repito, como assim os peitos?
- Sem sutiã e um tomara-que-caia folgado, ou melhor, um já-caiu.
- Sem qualquer pudor, como se fosse 4 da manhã de um sábado de carnaval?
- Exatamente.
- Vestida de?
- Jeans e blusa preta.
- Ok.

Como não se tratava de nenhum sacrifício, me deixei ficar ali contemplando o vai e vem das raparigas em flor. Até que, cinco minutos depois, a foliã saiu do buraco negro. Exatamente como o Renato dissera. Do lugar em que eu estava sentado podia ver absolutamente tudo, da cor do mamilo até o último pecado da alma. Confesso que, devido à gratuidade da cena, os peitos da moça não chegaram a me despertar interesse, senão pelo inusitado antropológico.

- A que ponto as coisas chegaram, hein, meu caro?
- O mundo é assim, Thales.
- Questiono minha condição nesse mundo.
- O mundo é perverso, você tá bem nesse mundo.
- Elabora aí.
- De você ou do mundo.
- Do mundo, de mim eu sei.
- Certamente que, enquanto ela anda por aí com as coisas à mostra, o marido ou namorado está de pau duro num canto vendo os caras olharem pra mulher dele.
- Será?
- O mundo é muito mais doente e perverso do que você imagina, meu amigo...

Não acompanhei a mulher com os olhos para saber se estava, de fato, acompanhada ou não. Tive medo. Não de que o Renato estivesse certo, mas o contrário, de que ela fosse uma pessoa tão triste e desesperançada, que faria virtualmente qualquer coisa para não ter que suportar mais uma noite sozinha com o vazio de sua própria existência. Entre esse mundo triste e apelativo de leprosos afetivos e a perversão, mil vezes a perversão.

segunda-feira, maio 21, 2007

luan diz:
vc sempre com esses nicks de viado intelectual que lê livros em inglês.
Your hair upon the pillow like a sleepy golden storm diz:
tbm gosto mto de vc, Luan.